sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cataratas de sonhos - Parte I

Foz do Iguaçu. A beleza das cataratas e a história do local são tão subestimadas que torna a viagem de qualquer um, no mínimo, inesperada. E essa foi a primeira vez que viajei completamente sozinho. Lá me hospedaria na casa de familiares que não conhecem nem meus pais, mas que estavam dispostos a conhecer um carioca da família, tão incomum entre nós. Lá encontrei os mais diversos tipos de pessoas, ainda mais pela cidade estar no ponto de encontro entre três países (Brasil, Paraguai e Argentina), o que deixou tudo mais divertido e exótico.

Minhas surpresas já começaram no aeroporto. Mesmo pequeno e localizado em uma cidade com menos de 400 mil habitantes, é um dos aeroportos mais movimentados do Brasil com vôos que vêm de todos os continentes do mundo. Mas também a sua posição geográfica não deixa a desejar: a cidade fica exatamente no centro da América do Sul! E claro, como não podia deixar de ser, ao sair do avião e entrar no aeroporto, o que tinha lá esperando pelos passageiros? Uma mulher fantasiada e seminua sambando ao som de um moreno rústico com jeitão de índio urbano. Cena cômica para os brasileiros, linda para os estrangeiros. Faz parte.

Meio paradona, a cidade conquista mais por sua beleza natural do que urbana. Apesar das ruas limpas e largas, não é de ter muita agitação (muito menos noturna). Na verdade, a cidade que faz sucesso mesmo é a Ciudad Del Este, no Paraguai. A travessia de um país para o outro acontece em uma ponte que pode ser usada tanto para carros quanto para pedestres. Apesar de curta, foi lá que vi as cenas mais engraçadas da viagem. Primeiro, ao olhar pelo Rio abaixo, é possível perceber barquinhos improvisados e pessoas com mochilões tentando atravessar o rio. Até há algum movimento da polícia, mas (como sempre) não é o suficiente para conter a galera. Na própria ponte é possível perceber mulheres levando bolsas gigantescas na cabeça (como se fossem baianas, só que provavelmente o peso da carga era BEM maior) e homens levando galinhas dentro das mochilas, as quais você só vê as cabeças e seus olhares espantados diante de toda aquela correria. Passado a ponte, o que você encontra é uma feira gigantesca, só que ao invés de barracas e camelódromos, são prédios inteiros usados para isso. Ao lado de um MP4 na marca “Sonya” e de um desodorante muito suspeito chamado “Roxana” você vê candelabros clássicos e pianos de cauda. É um barato (nem sempre, financeiramente falando). Saindo a noite, depois da parada obrigatória no Duty Free externo e gigantesco (o único que já vi sem ter um aeroporto por perto) vou ao único local digno de lotar minha noite inteira: o cassino Iguazú. Adoro toda aquela ostentação e a capacidade de entrar, ganhar dinheiro e sair com menos do que entrou. Isso sem contar aquela falta de coragem de jogar (pra perder, obviamente) um poker com aquelas pessoas extremamente sérias e assustadoras (e velhas, diga se de passagem).


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