quarta-feira, 31 de março de 2010

Tarde Demais

Esse foi um texto escrito por mim a dois anos atrás, em um momento de pura revolta. A tempos tento investir minha raiva em textos, mas apenas alguns são dignos de ser publicados. Esse eu gostei muito. Espero que gostem também.

Tarde Demais


Hoje foi uma terça como outra qualquer. Aula a manhã inteira, um almoço reforçado, uma boa caminhada com meu cachorro Ralph, uma malhada na academia e estudo mais no final da tarde. Apesar da normalidade, uma coisa me chamou atenção.

Estava eu dentro do Grande Circular, aquele ônibus que roda praticamente todo plano piloto, que pego todos os dias depois da aula, naquele solão e com um sono de derrubar um urso. Um homem idoso de pele morena, com poucos dentes, usando uma roupa simples, bem suja e desarrumada havia pedido para o motorista a permissão de entrar por trás (sem pagar a entrada) e assim poder fazer seu pedido de dinheiro ou oferecer algum objeto simples em troca de dinheiro ou passe. Com a minha boa leitura labial e curiosidade ao extremo, vi o motorista falando “Tudo bem, pode ir lá para trás.” com uma cara de nojo reprimida. O velho, em sua ingenuidade, começou a se dirigir pra trás por fora do ônibus, com um sorriso simples e desdentado, cheio de infelicidade e sofrimento. Nesse momento, o motorista dá uma arrancada no ônibus e parte, deixando o velho comendo poeira. Não se contentando com isso, ainda riu e disse “Dane-se esses velhos pidões.”.

Primeiro olhei para trás, vi aquele sorriso se desmanchando, formando uma expressão diferente, não de raiva ou ódio, mas de tristeza, de desesperança. Depois virei para frente com uma cara de indignado (o que muitos outros passageiros também fizeram) olhando para aquele motorista canalha e sem caráter. Novo, cheio de vida, um homem igual a mim, com 5 anos de diferença no máximo, agindo dessa forma com um idoso me fez refletir durante a essa viagem.

Por um momento, senti raiva de mim mesmo por nada ter feito por aquele homem de sorriso tão infeliz, mas percebi que não seria diferente. Alguma coisa deveria ter sido feita, mas antes. Aquele velho não podia estar numa situação dessas, destruindo sua honra, a qual trocaria até pelo trocado daquela balinha que uma pessoa esqueceu no bolso e não sente falta. Aquele motorista deveria ter aprendido não só a respeitar os próximos, mas sim ajudar os quando precisarem. E nós deveríamos ter aprendido a não ser passivos diante uma cena dessas.

Não vou falar que essa é a realidade brasileira. Essa é a realidade MUNDIAL. As pessoas precisam entender que nem tudo que foi aprendido antigamente deve ser jogado fora. Certos costumes e aprendizados devem ser mantidos ou até mesmo priorizados. Afinal, depois de jovem, da velhice não se escapa.

sábado, 20 de março de 2010

Juventude não se leva a sério

O que é ser jovem? É poder fazer tudo, mas não dever fazer nada. É ter que saber tudo, mas, no final das contas, não saber nada. É querer ter tudo, mas ter permissão de nada. O jovem não sabe o que é melhor para ele mesmo, não entende o mundo e não tem visão de futuro. É ser um mar de contradições. Contradições essas criadas pelos “adultos” e “maduros”. Tem que ser bonito, elegante e inteligente. Mas sabendo que beleza é o que menos importa, que o ideal é que você seja discreto (quase transparente) nas conversas e entender que os adultos sempre estão certos sobre os assuntos ditos como “cultos”.

Não importa quantos livros sobre a vida você leia e quantos filmes ou documentários você assista. A sua avó e aquela vizinha idosa que sabem qual é a realidade. Se prefere o cabelo arrepiado e acha que combina com amarelo, ótimo. Mas sua mãe sabe que cabelo de homem é para trás e o amarelo só se usa como pijama. Dados, estatísticas e pesquisas nada valem. Algumas vezes, é melhor que não se conheça muita coisa, você pode se tornar muito ousado. E ousadia não é elegante. Ousadia é coisa de menino “vagabundo”. Aquele que não tem o que reclamar, então tem que inventar algo.

Você sabe que a sua família é o caos, que todos se escondem, que a mascara do sorriso branco não é perfeita e que todos sabem disso, não importa. Você faz parte dessa família e tem o dever de carregar a mascara. Afinal, você não escolhe. É a que você tem e ‘ponto final’. Há ovelhas brancas e negras na família. Ninguém gosta da ovelha negra, mas todos a apóiam e dão toda a ajuda necessária. Se você é a ovelha branca, esqueça. Você não precisa de ajuda. Se rebelou? Coitado... Tá sozinho. Sim, família é pau para toda obra. Desde que você não faça nada de errado. Afinal, a culpa será sua. A família não pode se responsabilizar por você. Mas “sempre” conte com ela, pois se lembre do que eles sempre falam: amigos não duram, família sim. Ahã...

Quer trabalhar viajando ou ser artista e não quer casar e ter filho. Esse é o maior exemplo de jovem. Tá tudo errado. Esse trabalho é utopia. Coisa pra poucos. Para especiais. Faça um concurso e fique contente. Se der, você arranja uma horinha pra cuidar do seu sonho (que é uma grande besteira, ok?). Não quer casar? Ainda não se apaixonou. Vai aparecer uma menina e você vai babar por ela, esquecendo ‘tudinho’. Não quer ter filho? Não é você que vai decidir isso. Vai acontecer. Não adianta fugir disso. É a vida.

Religião? Há. Quando se é jovem, tudo é contestado e nada é aceito. Mas quando amadurecer, você vai perceber e sentir falta de Jesus no coração. Quando se é jovem, não precisa de Deus, porque acha que pode ter tudo. Mas quando envelhecer vai perceber que ele é a única coisa que importe. Não ligue para o que você acredite, você VAI mudar de idéia.

Seja o melhor de todos, mas saiba que sempre tem alguém melhor que você. Você acha que vai entrar no balé de Bolshoi ou concorrer ao Campeonato mundial de Karatê? Esqueça. Tem que ter o dom. A não ser que você SÓ faça isso. Se fizer, não pegue um livro ou procure saber de outra coisa. Não há tempo para pensar em besteira.

Salvar o mundo? Que piada. Ninguém consegue fazer isso. Gandhi, Hitler e Che Guevara não são seres humanos. Eles não existem, já que um ser humano não poder mudar o mundo, certo? Ganhe dinheiro e esqueça os pobres. Com o tempo tudo se resolve.

E por fim, você acha que o seu coraçãozinho tá quebrado por causa daquela menina? Pare de choradeira. Ela não é ninguém. Você é muito jovem para entender de amor. E não procure a fuga em drogas e bebidas. Você não sabe o que é ter problema de verdade.

Não concorda com nada que eu disse? Ah, esqueça. Você é muito jovem para isso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Lead da Vida

Sou um carioca perdido em Brasília. Nascido em um berço de ouro a beira mar e crescendo na solidão que o asfalto brasiliense me causa. Tendo quatro irmãos, mas criado como filho único, aprendi a querer tudo e correr atrás do que posso. Meus pais eram como o preto e o branco, um era superprotetor e a outra superliberal. Como resultado disso tudo, me tornei um verdadeiro devaneador. E como um bom devaneador que saber escrever o que sente e pensa, me tornei um jornalista.


A primeira palavra que aprendi não foi “papai” ou “mamãe”, mas sim “mundo”. Amante da vida, as experiências me contam muito: voar de asa delta, fazer mergulho, viajar sozinho já foram prioridades atingidas. Absorver cultura sempre foi o meu objetivo, então livros e filmes sempre foram objetos principais na minha vida. O cinema pode ser a sétima arte, mas é a que vem em primeiro para mim. Dramas, comédias, terrores, clássicos, musicais e muitos outros estilos são de igual importância na minha coleção de filmes. De livros, já fui de clássicos como Odisséia de Homero aos mais queridos atuais como Marley e Eu de John Grogan. Já sai de livros essenciais como a Bíblia e entrei em livros importantes para a minha profissão, como Hiroshima de John Hersey.

O mundo, para mim, nunca foi grande demais. O Japão é logo ali e estamos no pé da Antártida. Toda cidade me é curiosa. Conheci várias capitais como Paris, Roma, Londres e Buenos Aires e todas me mostraram uma coisa em comum. Mostraram que eu preciso conhecê-las, entender como as pessoas lá vivem e como deixam de viver. Tenho sonhos e prioridades que me levam do Alasca ao Vietnã. Mas nenhum lugar me faz tremer de tanta vontade de conhecer como o Egito, que é meu objeto de curiosidade para mim desde que me entendo por gente. Com toda essa vontade e pressão interna por conhecer o mundo, me tornei facilmente adaptável e curioso por línguas e culturas diversificadas.

Então, Brasília é a base do meu vôo e o meu ar é a cultura. Minha casa de férias é a praia de Ipanema, e como um bom carioca (nomeação para quem nasce no Rio de Janeiro e também nomeação de um peixe da Baía de Guanabara), gosto de andar livre e à vontade, sair apenas para bater um papo e andar por locais desconhecidos. Sorrir é o mínimo e lágrimas de crocodilos me são dispensadas. A tristeza é usada para aprender e dizem que com o tempo, ela diminui (eu não entendi como fazer isso, se alguém puder, me explique). E como uma boa frase clichê me chama atenção, passo a todos esse conselho: Carpe Diem.