Depois da usina, resolvi voltar às cataratas e fazer um passeio diferente chamado Macuco Safári. Nesse passeio, eu e mais um grupo de pessoas entramos num bote motorizado e com salva vidas, nos aproximamos das Cataratas. O guia pirado literalmente nos colocou embaixo daquele aguaceiro todo. Saia água até pelos ouvidos! Emocionante e congelante. Muito bom. Mas o que valeu mesmo foi o grupo. Tinham pessoas dos mais diversos países como Espanha, EUA, Coréia (não sei qual), Argentina e México. O mais engraçado é que ninguém sabia falar outra língua a não ser a sua própria e mesmo assim, todos se entenderam perfeitamente. Ou seja, posso ter ido viajar sozinho, mas não fiquei solitário por nenhum momento. Mas vale ressaltar, a galera do Macuco Safári brasileiro é bem mais sociável e heterogênea do que a dos Argentinos.
Como passeio final, fui ao marco das três fronteiras. Como havia dito antes, Foz fica no ponto de encontro entre Brasil, Paraguai e Argentina. Nesse local tem um mirante com um pequeno obelisco pintado de verde e amarelo. O mais legal é que desse mirante é possível ver o mirante paraguaio (pintado de vermelho e branco) e o mirante argentino (pintado de azul e branco), sendo os três separados pelo encontro dos rios Iguaçu e Paraná. Na época em que fui, estava sendo construído o que seria o mais alto mirante do Brasil, em uma torre com o topo em forma de óvni (se é que vocês me entendem).
Mas lá também tinha outra coisa que me chamou tanta atenção quanto o mirante: o mural contando a história do nascimento das cachoeiras de Iguaçu. É uma daquelas clássicas histórias indígenas de amor impossível, mas que merece ser contada. Dizia-se que uma serpente gigante (espécie de deus) chamada Mboi vivia no fundo do rio Iguaçu e, para que a mesma ficasse contente, a tribo Caiangue lhes ofereciam as mulheres mais belas da aldeia. No meio de toda essa história, a índia mais linda da aldeia, chamada Naipi, que seria a próxima oferenda a Mboi, foge com o seu amado Tarobá de canoa pelo rio. A serpente, enfurecida, criou uma fenda no rio de onde a água começou a cair, levando a canoa para o fundo do rio. Assim, Naibi se transformou na maior rocha que fica no meio da cascata e Taborá se transformou em uma árvore que fica no topo da cachoeira. Assim, os dois poderiam se olhar sempre, mas jamais poderia se tocar novamente e Mboi, ainda apaixonado pela índia se mantém no fundo do rio, a vigiando. Essa história não tem bases verídicas, mas demonstra bem o espírito do local. Emocionei.
Então assim termina a minha viagem, que no mínimo, se mostrou extasiante. As cachoeiras são imperdíveis, mas fazer todos esses passeios modificou a minha forma de ver o mundo para sempre. A mistura de povos é impressionante. As histórias locais são vivas e bem preservadas. E, até hoje, acordo ouvindo o poderoso som das cachoeiras caindo incansavelmente sobre Naipi e suas rochas vizinhas.